sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Corujas,Cep 20000 e quem mais viér!



Salve,
Movido a saudade dos encontros de poesia do Cep 20000 do Chacal,da retomada dos saraus da Nascimento Silva, resolvi criar este espaço pra poesia, poesia apenas, letra de música, letra sem música, recados pra amada, cartas de amor de inverno...uma modesta extensão virtual do movimento "corujão da poesia" do meu amigo João Luis, uma criança que nasceu no pequeno café da livraria Letras & Expressões e que acaba de completar 3 aninhos de idade( e do qual me sinto no mínimo um padrinho).Espero receber do João  contribuições de conteúdo e eventualmente fazer uma curadoria do material recebido por aqui através do e-mail barcavelha66@gmail.com.
hoje lí uma matéria acreditando que o poeta talvez seja  uma especie em extinção, será?
Pelo sim ,pelo não ai vai o primeiro post com uma letra de um dos tios do "Corujão",senhoras e senhores:
Luis Felipe Leprevost



Paz e amor,
Pierre Aderne p.s Foto 1 João Luis e Railson ( Embaixador do abraço) Foto 2 João e as corujetes




música brasileira não é só samba
não é só negra
não é só branca
música brasileira também usa tanga
descalça é mato
asfalto e além, mãos ao alto e a tem, mãos ao alto e amém

música brasileira não é versinho
é outro ritmo, é outro hits
a música brasileira não é mix
é misto-quente, mistura quente
não é só fashion
tem outro astral, é teatral
fritura estrelada, sonho, sol e temporal
barulho em panela, gentalha na tela, farofa bom de baderna
a música brasileira não é só carnaval
música brasileira não é só pop
é de dar looping, é popular
música brasileira não é só para pular
é para ferida, para ferir, para saltar o muro, para assaltar, para fugir do apuro, para entrar no apuro, para respirar ar puro, para o puro, para o puro, para o passado, para o estressado, é para tapar um furo, para calar a tapa, é para o burro que topa tudo, para se afogar na sopa, para formar a tropa, para informar o ínfimo, o máximo, para suportar o íntimo, é para ser viciado, para ser letárgico, para ser alérgico, é tudo feeling, feeling tóxico, e feeling é outra língua
a música brasileira é uma agulha
é veneno na seringa
é a língua quente no corpo quente
é a mente doente, perversa
é a conversa mole da caatinga
é o quente, o quente, o quente da restinga
é o efervescente da pinga que míngua a garganta
música brasileira não é santa, não é santinha
música brasileira é fela-da-puta
música brasileira não se escuta
música brasileira é uma criança adulta
música brasileira não se escuta
música brasileira não se escuta em rave
música brasileira não toca em rave
rave sufoca a ave
música está no céu
o céu do Brasil nem sempre está anil
música brasileira no céu também tem cor bom bril
música-Brasil no céu salve, salve liberdade
sobre nós violão abra tua imensa asa
violão não é fabricado pela NASA
música brasileira não só se faz com mouse
nem só se faz com tecla
música brasileira é o fumo que o caubói de asfalto paulista masca
música brasileira mescla mel e banana
música brasileira é de cordel, é de cor, de cor e salteado
é de sapateado grudado no chicletes
chicletes não tem casca
brasileiro não escorrega, passa rasteira malandragem
música brasileira ninguém a nega
música brasileira também é brega
só que é mais chic
música brasileira é da Fulô
é da flor no campo
é do caipira de cigarrim de palha
música brasileira é o que for que valha
música brasileira não está tão velha
não está podre de juntar mosca
música brasileira não é tão tosca
música brasileira é quem retira a lasca da madeira
música brasileira é da fama, da gravadora, do gravador do amador
é de quem respira com a mesma gravata que dá nó na madeira
é de quem não respira a esmo
é do andar da lesma
música brasileira não é para ficar na prateleira
é para encher um prato
música brasileira é para fazer contato com ET, é um contrato
para não ficar na estante
é o instante em que o porta estandarte dá o grito de liberdade
para música brasileira nunca é tarde
nunca é o bastante
música brasileira não é para farsante
música brasileira não toca em rave
música brasileira é batuque
e batuque é na lata
batuque é no couro
música brasileira não é só batuque
música brasileira não é só para requebrar
batuque não é robô
robô é um truque
música brasileira nagô, nagô
nagô é língua africana
caldo-de-cana, bandido indo em cana, caninha
a música brasileira não é só minha
mas não caminha sozinha
a música brasileira não só passa na TV
música brasileira swing, swing
swing é língua estrangeira
música brasileira é brasileira

o Brazil fala português
português é fado
fado não toca em rave
fado é muito triste
fado não toca em rave
o Brasil é muito conhecido
o Brasil é muito alegre
o Brasil agora é trash
o Brasil agora Ágora
o Brasil é muito quente
na rave a noite é quente
na rave a noite ferve
na rave a gente brasileira
no Brasil a gente tem sede
sede à cerva, sede à erva, sede ao
ao êxtase da língua quente
música brasileira quente, quente
hot, have, rave
rave é língua estrangeira
música brasileira, maçã e serpente.




3 comentários:

Unknown disse...

Aqui quem escreve é uma CORUJA jurássica, fã dos ADERNE, essa família de artistas que sempre pautou-se pela generosidade e pela criação de alternativas para tornar a arte mais ascessível a todos. O Pierre Aderne me surpeendeu com a criação deste espaço para os POETAS, que jamais morrerão, pois a POESIA está em todo canto e, os que sabem rastrear o que vêem a encontram e transformam em poemas ou não. É uma questão de aptidão/chamado. Mas ela está viva e os POETAS também. Precisamos, sim, de mais espaços e de mais pessoas que nos leiam e nos ouçam. A VIDA ficaria bem mais instigante e incensada. Fico emocionado com o convite do NASCIMENTO SILVA e vamos divulgar. Estou respondendo PRESENTE à convocação. Com o coração ouvi o chamado. Coisas de quem é atento à linda língua que falamos e escrevemos. Estamos mais juntos do que nunca. Conte comigo e com os ensandecidos que fazem a única vigília semanal de poesia , música e literatura, em toda a América, sempre às terças-feiras, com uma rodada mais cedo na Pizzaria Pronto, 21h30 e, depois até o dia amanhecer, na Livraria Letras&Expressões, projeto que o Pierre e Alexia Bomtempo foram dois dos fundadores. Salve!
João Luiz www.corujaodapoesiaedamusica.blogspot.com

Carol Vidal disse...

Pierre, adorei esse blog!!
Serei visitante assídua, com certeza!

E, eu torço muito para que os poetas não sejam uma espécie em extinsão... A vida perderia a cor sem a magia deles, sem dúvida nenhuma...

Beijão!!

maestro disse...

Já pousei, já estou aqui, acho que sou coruja velha,pousada em qualquer toco da existencia, na resistencia, fazendo som, fazendo música na manha, na alma, na bucha!
Abração muito som,
Renio Quintas